São Paio de Gramaços foi uma freguesia portuguesa do Município de Oliveira do Hospital, com 4,53 km² de área e 991 habitantes (2011), sendo a sua densidade populacional de 218,8 hab/km².
Foi extinta (agregada) pela reorganização administrativa de 2012/2013, sendo o seu território integrado na União de Freguesias de Oliveira do Hospital e São Paio de Gramaços.
PRÉ-HISTÓRIA
O povoamento da área que hoje corresponde ao lugar de São Paio de Gramaços remonta à pré-história, sendo uma das freguesias do concelho mais ricas a nível arqueológico. Os achados da Quinta da Torre, junto ao povoamento, comprovam-no. Os mais antigos são três raspadeiras em xisto que datam do período Paleolítico, e vestígios da época Neolítica (dois machados de basalto, um objeto semelhante a pisa-papéis e quatro achas polidas.
MOÇÁRABES
Além dos testemunhos pré-históricos, outros objetos foram encontrados na Quinta da Torre, a quatro ou cinco metros de profundidade, como pedaços de uma lança (ponta de lança) que o arqueólogo D. Fernando de Almeida classificou como sendo de origem moçárabe.
CIVILIZAÇÃO ROMANA
Da civilização romana, foram recolhidos dois fusos de tear, um pisa-papéis, uma mó grande perfurada ao centro (esta ainda não classificada com rigor), quatro mosaicos de argila com fendas de encaixe, utilizados em pavimentações, inúmeras tégulas, bem como mosaicos. Foram também encontrados outros vestígios como uma pá de meio metro de base e o segmento com mais de 25 centímetros de diâmetro. Foram também encontrados vestígios romanos numa quinta contígua, que pertenceu à D. Josefina da Fonseca.
PERIODO MEDIEVAL
Do período alto-medieval, temos o sítio arqueológico da Quinta de Salgodins, codificado com o Código Nacional de sítio (CNS) 20.453. Trata-se de um conjunto de três sepulturas antropomórficas, sendo que duas delas apresentam uma moldura interna. Há vestígios de terem sido cobertas, em tempos, por uma tampa. Com a conquista de Seia, em 1056, por Fernando Magno, a área correspondente à freguesia de S. Paio de Gramaços foi definitivamente integrada no território nacional. Já depois da fundação da Nacionalidade, um tal D. Chavão, representante de D. Afonso Henriques em Seia, tinha os direitos do padroado eclesiástico na paróquia então denominada de Sampaio de Garamácios. Era então um pequeno aglomerado de casais com uma igreja dedicada a S. Pelágio. Quanto ao topónimo, Garamacios deriva do latim “Garamaz”.
NACIONALIDADE
A completa cristianização da freguesia e a consequente integração no território nacional deu-se com a conquista de Seia, em 1056, por Fernando Magno.
Em meados do século XII, no tempo de D. Afonso Henriques, D. Chavão, rico-homem das terras de Seia, com residência habitual em Gramácios ou Garamácios. Era figura do maior destaque, representante do rei no vasto território de Seia e como tal, “tinha os direitos de padriado eclesiástico na vizinha paróquia de Sampaio de Garamácios ou Gramaços”, como informa o historiador e investigador Professor Doutor António de Vasconcelos.
Nesse tempo, a povoação era constituída apenas por um pequeno agrupamento de casais implantados na encosta suave e luxuriante duma colina, dominada do cinto do monte por uma pequena e devota igreja dedicada ao Mártir S. Pelágio ou S. Paio.
De acordo com as Inquirições de 1258, ordenadas por D. Afonso III, S. Paio de Gramaços (e parece que também a vila) pertencia a D. Estevão Anes, alcaide da Covilhã. Em termos administrativos, a paróquia estava integrada na Terra de Seia e estava sujeita às suas leis.
A terra de Seia abrangia os atuais concelhos de Seia (exceto Vide, Teixeira e Alvôco), de Oliveira do Hospital e Tábua (quase inteiramente), Paços da Serra e Vila Nova de Tazem, de Gouveia, Coja e Vila Cova e de Arganil. Em meados do séc. XIV a terra de Seia englobava as seguintes paróquias, hoje enquadradas no concelho de Oliveira do Hospital: S. Pedro de Lourosa, Santa Maria da Bobadela; S. Cristóvão de Nogueira, Oliveira do Hospital, S. Pedro de Travanca, S. João de Lagos, S. Miguel de Meruge e Santa Maria de Lagares.
Em meados do século XVI (1543) foi constituída na igreja Paroquial a “Santa Irmandade do Mártir S. Pelágio”, na qual D. João III se filiou e se declarou “Protetor e Juiz Perpétuo”, com estatutos próprios e grandes privilégios concedidos pelo Papa Júlio III (1550-1553).
INVASÕES FRANCESAS, GUERRA CIVIL E LUTAS POLÍTICAS
São Paio de Gramaços sofreu os efeitos da terceira Invasão Francesa nos inícios do século XIX. Durante a retirada para Espanha, os exércitos franceses de Massena, permaneceram nesta localidade e espalharam o terror e a destruição entre os seus habitantes.
Praticaram crimes contra uma população ordeira e indefesa. (in A 3.ª Invasão Francesa e as Terras de Concelho de Oliveira do Hospital, do Rev.ª padre Laurindo M. Caetano). Conta o Pe José Joaquim Garcia Abranches, então cura de S. Paio do Codeço, no seu relatório de 25 de Abril de 1811, que na retirada os soldados franceses permaneceram três dias e quatro noites durante os quais cometeram as maiores atrocidades, deixando a população na miséria. O mesmo sacerdote faz uma descrição minuciosa de todos os desacatos e crimes que passamos a sintetizar: sete mortos entre a população civil, onze feridos, sete casas incendiadas, das quais nada restou além das paredes; roubos de toda a ordem na igreja e fora dela, só tendo escapado as imagens nos seus lugares. Ainda hoje se podem ver vestígios do incêndio na Casa da Família Vasconcelos, casa onde nasceu o Prof. Dr. António Garcia Ribeiro de Vasconcelos. Nada ficou isento, nem mesmo a Igreja Paroquial, despojada de quase tudo o que tinha de valor.
A freguesia também foi palco das violentas lutas entre Liberais e Absolutistas que se seguiram à Guerra Civil de 1832-1834. Em 1840, um miguelista, António da Costa, invadiu a casa de José Lourenço da Costa Fonseca e por pouco a situação não terminou da pior forma. A nível administrativo, São Paio de Gramaços pertenceu ao concelho de Seia até 1837, data em que transitou para o de Oliveira do Hospital.